Diário de Mercado na 6ª feira, 20.11.2017
Trump chega à Casa Branca com discurso duro, mas vago.
Crescimento da China acomoda-se ao “novo normal”.
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T
Rafael Reis, CNPI-P
Resumo do dia.
A 6ª feira marcou o dia da posse do presidente eleito Donald Trump nos EUA. Apesar de seu discurso ter sido pautado no protecionismo e no mote de “América em primeiro lugar”, os impactos sobre mercados emergentes, em especial ao Brasil, soaram distantes.
Internamente, nomes para o substituto do ministro relator da Lava-Jato do STF, Teori Zavascki, após sua trágica morte na tarde da 5ª feira, começam a circular. Visão é de atraso, mas não interrupção no andamento do processo de julgamento, em especial da homologação da delação premiada da Odebrecht, inicialmente prevista para fevereiro.
Mercado de Ações.
Ainda que o discurso de Trump não tenha trazido maiores esclarecimentos quanto à sua postura futura, não houve surpresas quanto ao “fator polêmica”, sempre imbuído na personalidade do republicano. Enfim, alguns temores foram dissipados pelos agentes e o índice brasileiro, que operava próximo da estabilidade até o evento, entrou em seguida definitivamente em campo positivo e encerrou próximo de sua “máxima do dia”.
As ações da Vale, preponderante nas recentes altas do Ibovespa, mais uma vez protagonizaram performances positivas, por conta do avanço do minério de ferro na China. Já os desempenhos negativos do índice vieram do setor de papel e celulose, com Fibria, Klabin e Suzano refletindo a retração da paridade dólar/real.
Ao término do pregão, o benchmark brasileiro fechou aos 64.521 pontos (+0,89%), acumulando +1,37% na semana, +7,13% no mês (e no ano) e +71,39% em 12 meses. O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 7,76 bilhões, sendo o volume do mercado à vista de R$ 7,44 bilhões.
Agenda Econômica.
Domesticamente, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em dezembro foram cortados da economia 462.366 postos de trabalho, movimento natural pelo efeito sazonal que ocorre sempre no último mês do ano. Mesmo assim, apesar de registrar o segundo pior mês da série histórica, iniciada em 2002, o corte foi não apenas menor do que o previsto (consenso: -539.419 vagas) como inferior ao de dezembro de 2015 (-596.208 empregos).
Em 2016, apesar da redução nos postos de trabalho ter sido significativa, em 1,32 milhões de vagas, a magnitude foi inferior ao ano de 2015, quando 1,54 milhões de postos foram extintos.
Na China, uma bateria de dados reiterou a resiliência do gigante emergente. O PIB do 4º trimestre (4T16) cresceu +1,7% em relação ao 3T16 e variou +6,8% versus o 4º trimestre de 2015, perfazendo um crescimento de 6,7% em 2016, em linha com o consenso de mercado. A produção industrial (A/A) de dezembro cresceu 6,0%, ligeiramente aquém das projeções (6,1%) e do apurado em novembro (6,2%), acumulando +6,0% em 2016.
Por fim, as vendas no varejo (A/A) em dezembro aumentaram 10,9% e superaram ambas a estimativa e o dado de novembro, respectivamente em 10,7% e 10,8%, acumulando +10,4% em 2016. Os números reiteram a acomodação da China ao que os agentes chamam de “novo normal”: um ritmo de crescimento menor do que o visto na década passada, mas, aparentemente, com maior e salutar consistência.
Juros.
Ainda refletindo os melhores prognósticos inflacionários domésticos com o IPCA-15, divulgado na quinta-feira, e sem contabilizar qualquer viés com o discurso genérico de Trump ou com o dado do Caged, foram verificados recuos ao longo de toda a curva da estrutura a termo da taxa de juros. O movimento pode já estar denotando um aumento das apostas dos investidores em um ciclo de cortes da Selic cada vez mais encorpado.
Dólar e CDS.
Em um dia de generalizada desvalorização da moeda norte-americana perante pares emergentes, a divisa encerrou cotada a R$ 3,1790 (-0,84%), acumulando -1,18% na semana, -2,24% no mês (e no ano) e -22,44% 12 meses.
O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) fechou em 254 pts, ante 256 pts na véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 20.01.2017, elaborado ppor Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, Rafael Reis, CNPI-P, ambos do BB Investimentos.